17 de fev. de 2011

Perfil falso, o pesadelo da rede social


Os perfis falsos são, efetivamente, um dos principais pontos negativos relacionados à participação em redes sociais e podem causar grandes problemas às vítimas, especialmente quando o objetivo principal do infrator é gerar danos, não importando quem é o alvo do golpe virtual. 
Para piorar ainda mais esse cenário, empresas como Orkut, Facebook, Formspring, Twitter, entre outras, demoram muito, após a reclamação da vítima, para retirar o perfil falso do ar – isso quando decidem não removê-lo, obrigando o internauta a investir uma soma considerável em processos contra a empresa.
Acompanho, atualmente, 152 casos de pessoas que acessam diariamente a internet, seja por conta dos compromissos e obrigações profissionais ou para lazer. Todas essas pessoas já se depararam, ao menos uma vez, com seus próprios perfis falsos na web, que divulgam inverdades sobre suas vidas, com informações difamatórias e injuriosas.

Em uma comparação simples: imagine que você está andando na principal avenida de sua cidade e encontre alguém usando uma máscara com o seu rosto e um crachá com o seu nome. A pessoa está em cima de um palco enorme patrocinado por uma grande empresa e tem um megafone nas mãos. Utiliza-o para falar inverdades degradantes sobre você. 
Tudo isso com transmissão ao vivo para o mundo todo. As sensações ou reações diante de um cenário como esse são imediatas. A vítima começa a querer entender o que está acontecendo, sente-se desesperada e fica desorientada.

Ao tentar encontrar alguém da gigantesca empresa que criou aquele palco, com o objetivo de avisar que a pessoa que está usando a máscara com o seu rosto é um impostor, não consegue encontrar um interlocutor com autoridade para gir em nome da empresa. O único meio para contato vem por meio de um aviso padrão, que diz: “Aperte este botão” ou “Preencha este formulário e retornaremos”. Enquanto isto, o impostor continua no grande palco, com o mágico megafone, alcançando todos os continentes e dilacerando completamente a sua honra, a sua carreira, a sua vida. Ao mesmo tempo, as pessoas que lhe procuram para tratar de assuntos pessoais ou profissionais acabam escutando o que o impostor fala, entendem que ele é você e desistem das parcerias e propostas em negociação.

O que fazer diante de situação como essa? O primeiro passo é contratar um profissional especializado na área e, através de uma ação judicial, remover o impostor do palco, desmascarando-o definitivamente. No entanto, infelizmente, nesse momento a sua reputação já estará destruída e a reparação nunca será proporcional ao estrago feito – a legislação brasileira ainda não dá, à imagem do cidadão, a importância necessária diante dos avanços tecnológicos.

Poucos são os juízes preparados para entender que de um dia para outro alguém pode se tornar uma pessoa pública pelo simples fato de ter um vídeo postado no Youtube, com ou sem autorização, ou porque alguém o fez de forma indevida.

A imagem, nos dias de hoje, é valiosíssima, quase incomensurável, e a internet tornou-se um meio de perpetuação de personagens, sendo eles famosos ou não. 
Exemplo disso é a própria Geisy Arruda, que ganhou destaque nos principais veículos ao ter exposta, na web, as ameaças e agressões que sofreu na universidade por usar uma minivestido.

Nos EUA se entende bem o que estou expondo. Lá não se brinca com a imagem de um cidadão.

O conselho para aqueles que enfrentam o problema com um perfil falso, e possuem condição financeira para tal, é contratar um bom profissional da área, que poderá rastrear o criminoso virtual e tomará as medidas necessárias para a retirada da página difamatória do ar.

Caso não tenha recursos financeiros e opte por meios alternativos para exclusão da página. É importante saber que cada empresa tem sua própria metodologia, por isso é de grande importância que o internauta esteja munido do máximo possível de informações sobre a empresa, política de uso do site, política de privacidade e que faça buscas na internet sobre experiências de pessoas que passaram por situação semelhante e encontraram uma saída favorável.

Sempre existe também a possibilidade de recorrer ao juizado especial, caso todas as alternativas acima falhem.


Wanderson Castilho
Perito em crimes digitais, diretor da E-Net Security e autor do livro “Manual do Detetive Virtual”, pela Editora Matrix.